Fotos: Vinicius Becker
Neste sábado, 18 de outubro, é celebrado o Dia do Médico. A data busca homenagear profissionais que dedicam tempo e esforço para salvar o bem mais precioso que há: a vida. Dados do estudo Demografia Médica 2025 apontam que o Brasil deve registrar mais de 635,7 mil médicos até o fim de 2025, demonstrando que Medicina ainda é o curso mais disputado no país.
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Para o angiologista e cirurgião vascular Anderson Kahlbeck, 38 anos, a paixão de muitos brasileiros pela profissão não é surpresa. Natural de Ijuí, ele veio para Santa Maria em 2004 com uma missão: ser médico.
– Eu sempre tive afinidade com a área da saúde, e a Feira das Profissões da UFSM foi bem importante nesse processo, porque me ajudou a entender melhor como é o trabalho do médico e a comparar com outras áreas. Avaliando os prós e contras de cada profissão, acabei me identificando com a Medicina – conta.
Kahlbeck ingressou no curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 2006. Quando estava perto de concluir a graduação, começou a conhecer diversas especialidades, entre elas, a angiologia e a cirurgia vascular.
– Perto do final da faculdade, por volta do sétimo semestre, comecei a fazer estágios em várias áreas dentro do hospital e acabei tendo muita afinidade com a cirurgia vascular. Acompanhei várias cirurgias enquanto ainda era acadêmico e me encantei. São procedimentos muito bonitos. Uma revascularização arterial, por exemplo, é uma cirurgia delicada, complexa, mas que traz um resultado quase imediato para o paciente – explica o médico.
Segundo Kahlbeck, as inúmeras possibilidades geradas pela especialidade também foram um atrativo:
– A vascular é uma área muito vasta: vai desde casos graves e urgentes, como trombose e aneurismas, até o atendimento de consultório, com procedimentos eletivos e tratamentos estéticos que melhoram dor, desconforto e qualidade de vida. Essa amplitude sempre me atraiu muito. É uma especialidade que incorpora muita tecnologia.
Após se formar, o médico ingressou na residência em Angiologia e Cirurgia Vascular da UFSM, concluindo o processo em fevereiro de 2018. Os desafios e as conquistas vivenciados durante o período de estudo e trabalho no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) é relembrado pelo profissional:
– No Hospital Universitário de Santa Maria, a formação é muito prática. O contato direto com os pacientes e as situações reais de emergência fazem com que o aprendizado vá muito além dos livros. Uma situação que sempre lembro dessa época é de quando passei meses seguidos praticamente sem ver o sol. Saía de madrugada, ainda escuro, e voltava muito tarde da noite. Eu chegava em casa e, exausto, dormia do jeito que estava, de roupa, calçado, no sofá mesmo. Acordava só por dois motivos: fome ou vontade de ir ao banheiro. Era uma rotina muito intensa, mas, ao mesmo tempo, transformadora, porque foi ali que aprendi de verdade o que é ser médico.
Propósito
Em um consultório na Clínica Geneva, no Bairro Nossa Senhora de Lourdes, Kahlbeck organiza a agenda e verifica exames de pacientes novos e antigos. O processo é feito com carinho e cuidado. Para ele, ser angiologista e cirurgião vascular é muito mais do que uma especialidade médica. É proporcionar qualidade de vida à outras pessoas.
– É cuidar dos vasos que movimentam o sangue, a oxigenação, a energia para todo o corpo funcionar bem. É ter sensibilidade para enxergar o paciente além da doença, entendendo as dores, as limitações e ajudando-o a retomar o bem-estar.É uma especialidade que exige técnica, claro, mas também empatia. Nós trabalhamos com o que mantém a vida em movimento e isso é o que mais me motiva todos os dias.
MEC faz mudanças no processo de formação em medicina
Para os futuros médicos, um recado: fiquem atentos as mudanças. O Ministério da Educação (MEC) homologou, no final de setembro, as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para a graduação em Medicina. O documento foi aprovado em agosto pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), atualizando a formação médica no país após quase dez anos da resolução anterior.
Entre as novidades, está a criação do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed), uma prova nacional realizada no quarto ano da graduação, antes do internato. O processo busca padronizar competências e permitir correções no percurso de formação. Segundo o MEC, a nova avaliação deve ser baseada em critérios definidos para o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), observadas as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), os normativos e as legislações de regulamentação do exercício profissional vigentes e pertinentes à área médica.
A prova será baseada na matriz de referência do Exame Nacional de Residência (Enare) e terá 100 questões de múltipla escolha cobrando conteúdos, habilidades e competências nas áreas previstas nos cursos de Medicina. O documento também ampliou as exigências de infraestrutura das faculdades, como laboratórios de simulação clínica e programas permanentes de capacitação docente.
Outro eixo central é a valorização da diversidade, com a obrigatoriedade de políticas de inclusão, núcleos de apoio psicossocial e programas de mentoria e saúde mental para os alunos. Com essas mudanças, os cursos de Medicina mal avaliados poderão sofrer uma série de penalidades a partir de 2026 caso não se adequem às exigências impostas, inclusive, podendo ser fechados pelo MEC.